segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Vera Pequeno


Cartografia emocional de uma região alagadiça, úmida, salobra e lodosa. Mares contornam e lambem suas caucasianas e frágeis bacias, sedimentadas em corpo herbívoro. Manguezais, gramíneas e plantas rasteiras: todas as suas reentrâncias e saliências à mostra e sem pudor.

www.verapequeno.tumblr.com


terça-feira, 14 de setembro de 2010

Heliogábalus apresenta:

Wagner submerge ante a grossa massa do Bixiga: bárbaro e nosso. A formação étnica rica. Riqueza vegetal: o minério, o mistério. Na cozinha: o vatapá, o sarapatel, o ouro e a dança. O levante que se precipitou todas as vezes que já tapamos a boca - e abafamos tantos discursos - do europeu com nossas vaginas outrora tupiniquins. Servas em chamas! É do colo de nossos patrões velhos e feios que faremos a nossa Revolução! Meigas, inexpressivas e excitantes. Quem terá coragem de calar nossa lânguida voz?

[Aos aplausos da esfuziante clown, matou a família de pernas pro ar. Heróica sucessora da raça dos bandeirantes,

passa galharda uma filha de imigrante, louramente domando um automóvel! ]

Celebrando, porém revestido de dorido pesar, os 50 anos da decadência do “Rebolado”, o Grupo De Investigação Cênica Heliogábalus apresenta uma série de festas homenageando as Divas brasileiras que persistiram e reinventaram esta arte.

Cláudia Raia, Liza Minelli tropical, é a indomável égua que te convoca ao cambalacho deste sábado!

Sucesso Aqui Vou Eu!

Não Fuja da Raia
18 de Setembro (Sábado)
23 horas
$ 5 mangos

Academia da Cachaça (R. Ubaldino do Amaral, 710. Alto da Glória)

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Meet me in the Sky


Aqui estou, transfigurado pelos deuses romanos. Comam da minha carne. partilhem da minha doçura e beleza. Rosto, restos e fumaça. Consumido na própria chama. Eu sou imortal? Eu sou doce. Digam-me que não se extinguiram todas as formas de contemplação. Porque quando todos os homens matarem a si mesmos, eu sobreviverei. Fogo nas carcaças dissonantes. Fênix renasce das cinzas apagadas. Pele e pêssegos. Lábios gordurosos e macios como frutas mergulhadas no leite das eras. Beba do meu líquido. A sorte está lançada. Lenços flutuantes. Demônios ensurdecidos por agonizantes gemidos de cigarras. Insetos também comem. Ego lambuzado. Etéreo. Eterno. Estéreo. Estéril. Luz exterior. Dia. Cegos os olhos. Refletem ridiculamente a figura intocada. Transvirtuosidade. Na dança das horas os dedos jogam dados com esmero. Tudo é débil. Ria-se dos princípios básicos da humanidade. Porque nela não havia principios. A força que se esgota. Os órgãos que decompoem-se de graciosidade. Os buracos estão todos ocupados. Ansiosos. Violinos virtuosos ao serem tocados por suas varas. Trago na cara o preço de ser uma romã. Navalhas cegas. Asas de cera derretidas por chamas internas. Consumindo do próprio fogo para beber das fontes da infinitude juvenil. Latitude e longitude estão erradas. O caminho a seguir é a linha do eros prometido. Wake up Ícaro. Minhas águas anseiam por seus cabelos de cavalo. O céu está ficando pequeno. Os deuses morrem de desgosto. Não haverá castigos. Nós sobrevivemos. Como crianças donas de um destino propício. O poder está detido em nossas mãos. Agite as bandeiras. Estou chegando. Trago pequenas soluções contra o tédio. A diversão está garantida meu insano coelho branco. O presente a nós pertence. Technology is now. As líderes de torcida agitam seus pompons. Somos os novos reis. Chiclete is now.

Melted Narcissus

domingo, 8 de agosto de 2010

Hiperbólicas Evoluções Históricas

De fora posso ver meu próprio corpo aberto sem sofrer. Posso me ver até o fundo das entranhas, novo estágio do espelho. Posso ver o coração de meu amante e o seu desenho esplêndido não tem nada a ver com as maravilhas simbólicas habitualmente desenhadas.

domingo, 9 de maio de 2010

ATO PERFORMÁTICO






Heliogábalus: eles querem a revolução


Sem qualquer alarde, já começou no Sesc da Esquina a mostra Ato Performático, que reúne um pessoal interessado em fazer e pensar a performance. Entre os 10 grupos participantes, está o Heliogabalus, dirigido por Ricardo Nolasco. Há algumas semanas, sentei com ele e a atriz Léo Glück no café do Paço Municipal para conversar e conhecer um pouco melhor as ideias da companhia, que nos últimos anos encenou os nada convencionais Scarroll, Le Magnifique Nouvelle de la Passion e O Último Canto do Bode - Tomo 1.

Esses espetáculos exigem uma postura do público diferenciada do lugar cativo e cômodo na plateia. Em Le Magnifique Nouvelle de la Passion, os espectadores entravam na sala vazia e se espalhavam pelos cantos para assistir à ação sem lugar determinado. A certa altura, eram impelidos a reagir a repolhos atirados contra eles ou a um ator que rolava em sua direção, enquanto o discurso político trazido à tona tanto pelo texto quanto nos corpos dos atores revelava um mundo de hibridismo, possibilidades além da limitação dual de gêneros e papéis sexuais.

Um primeiro passo para se aproximar do trabalho feito pelo coletivo é entender o que eles pretendem com sua arte. Ricardo diz: "A gente tenta apresentar situações abertas onde as pessoas optem intelectualmente ou intuitivamente por se posicionar. O público que consegue se manifestar na cena é o público que pode transformar a sociedade.” E Léo complementa: “Queremos que as pessoas saiam mudadas, sem tanto preconceito. Que tenham noção das coisas que estão acontecendo no mundo sem demagogia. É um teatro extremamente político.

Gigantes

O coletivo Heliogábalus existe há quatro anos. É um grupo "gigante" de artistas ligados à perfomance, literatura e artes visuais. Além Ricardo Nolasco e Léo Glück, envolve Clarissa Oliveira, Semyramys, Monastier, Guilherme Marks, Rafaelin Poli, Mariana Zimmermann Vanessa Benke, Danyele Cristine. E mais os colaboradores: Stäel Fraga, os músicos Camilla de Lucca e Guilherme Akio.

Foi pelo desejo de adaptar Alice no País das Maravilhas que esse pessoal se juntou, interessados nos jogos de palavras e nos questionamentos da lógica exercitados por Lewis Carroll. Ricardo cursava a FAP, e fez a primeira versão de Scarroll em 2006.

Léo e Ricardo mencionam influências fortes de Artaud, do Butô e da performance. Mas "as grandes referências do grupo estão ligadas a tentativas de revolução", diz ele. "A gente busca uma revolução que seja microcósmica.” Por essa linha de pensamento, qualquer pessoa que seja atingida e modificada, basta.

A revolução de que falam é metafórica e, quando se efetiva (o que nem sempre acontece), ritualística. “Às vezes, passa um espetáculo inteiro e não acontece esse ritual, porque para isso o performer e o público precisam entrar em sintonia dividindo o mesmo espaço. Às vezes, o performer não chega ao estágio necessário ou o público barra”, diz Ricardo, citando uma apresentação de Le Magnifique Nouvelle de La Passion em que a sintonia não foi alcançada.

O embate entre público e performers, segundo o diretor, teria funcionado bem em uma apresentação na Sala Londrina, em cima do palco cheio, em pé. Teriam chegado mais perto da dimensão política de atuação do espectador que tanto perseguem, esperando, se for o caso, que aquele atingido por um repolho o devolva na cara do ator. “Queremos tirar a passividade clássica do teatro", diz Ricardo. No mínimo, querem que quem vê cogite entre reagir ou não.

Xamã


O xamanismo, que Ricardo pratica há tempos, entra como catalizador de energia. Religião pagã antiga, ligava a vida das pessoas a fenômenos naturais. O grupo foca em como esses ritos vão se transformando no contexto atual e formula uma recriação das mitologias, apontando para onde a lógica ocidental teria caminhado a partir delas: a body art, a bomba atômica modificando corpos, o hibridismo, a transexualidade e as cirurgia plástica em contraponto aos antigos mitos transformadores, como o de Narciso.

Estão interessados, enfim, nos ”corpos que não são só corpos humanos". “Não cabe mais ser só humano", diz Léo, e exemplifica: "A transexualidade não é considerada humana, é marginalizada.” Grosso modo, ela resume o projeto da Heliogábalus em um trajeto: "o humano caminhando desde a besta até a máquina”, ao que Ricardo opõe: "e o contrário também”.

Outra linha importante de trabalho do grupo é o grotesco, nascido dos ritos dionísicos "como metáfora do ventre, local de modificação, bizarro, estranho, terreno de bruxaria, tudo o que foi banido", define Ricardo.

Carreira


Em O Último Canto do Bode - Tomo 1, flagram a imagem feminina e andrógina; a besta e a máquina; e o humano no meio tendo de lidar com essas informações.

Scarroll era ritualístico. Na Casa Vermelha, as cenas aconteciam em todas as salas, como um festejo, e o texto se distorcia mecanicamente. “À plateia era dado o direito de escolha, ir e vir, como se portar, sentar ou ficar em pé, sair... A interação tem que partir dela”, diz Ricardo.

Le Magnifique Nouvelle de La Passion, por sua vez, tratava do ímpeto de amor, não só o heterossexual, normativo, mas a paixão independente do seu objeto: “homem, mulher, ET, cachorro".

O despudoramento e a eventual agressividade na defesa de seu ponto de vista sobre o mundo, repensando a partir dessas ideias o modo de fazer teatro, por vezes cria obstáculos para a aproximação do público. Mas Ricardo conta que o Heliogabalus "tem experiências muito boas" com "hippies, moradores de rua, vileiros". "Eles não têm preconceito, ficam embasbacados", comenta Léo. "A classe teatral, quando vai assistir, tem todo um cabedal desfavorável para a fruição da obra”, diz ela. Ricardo acrescenta: “Às vezes, o público também”.

sábado, 1 de maio de 2010

Curitiba testemunhará pela última vez...

Todo o Totalitarismo da Terra em Único Coro Libertário.
[Nosso canto de ódio e paixão ao expansivo corpo opressor!
efusão, hibridismo,guerra e combate. o fim de uma dinastia.]


O ÚLTIMO CANTO DO BODE
(Tomo I - A Bestificação de Rômulo)


Esta noite ver-se-ia a encenação de certa rebuscada ópera italiana: o apogeu de um grande imperador romano. O concerto inicia com o incrível silêncio da plateia já amortecida pela afinação da orquestra, presa no fosso. O rei canta a sua ária magnífica embebido nas mãos do vitorioso Baco. As notas escorrem pela boca do contra tenor de forma inumana, o coro das mulheres saúda o seu rei, o dos homens lhe jura adoração eterna. O público poderia permanecer entorpecido nas vozes perfeitas, no cuidado com a cenografia, nos broqueis, e principalmente no acabamento.

Mas todo o aparato não suportaria a virtuose de talentosos artistas quando olhados de tão perto, como por um furo na parede, por onde as divas de um teatro de rebolado se preparam para invadir a grandiosa arena, e realizar a definitiva encenação ritual da queda de Roma.


ATO PERFORMÁTICO
6 de maio (quinta feira), ás 22 horas
SESC da esquina
(Rua Visconde do Rio Branco, 969)

ENTRADA FRANCA

sábado, 24 de abril de 2010

***TORLONI´S PARTY***



Wagner submerge ante os cordões de Botafogo: bárbaro e nosso. A formação étnica rica. Riqueza vegetal: o minério, o mistério. Na cozinha: o vatapá, o sarapatel, o ouro e a dança. O levante que se precipitou todas as vezes que já tapamos a boca - e abafamos tantos discursos - do europeu com nossas vaginas outrora tupiniquins. Servas em chamas! É do colo de nossos patrões velhos e feios que faremos a nossa Revolução! Meigas, inexpressivas e excitantes. Quem terá coragem de calar nossa lânguida voz?

Rio: vaudeville do mundo: besame! Besame mucho! Babilônia submersa na pornochanchada!
Celebrando, porém revestido de dorido pesar, os 50 anos da decadência do “Rebolado”, o Grupo De Investigação Cênica Heliogábalus apresenta uma série de festas homenageando as Divas brasileiras que persistiram e reinventaram esta arte. A primeira entidade que convidamos é Cristiane Torloni, em seu próprio território de Jô Penteado “A Gata Comeu”. La Torloni, diva do cinema de duvidoso e gostoso gosto nacional das décadas de 70, 80 e início de 90, te convida para o desbunde! Un poquito y nada más! Eu te amo, porra!!!








SÁBADO 24 DE ABRIL DE 2010 ÀS 23 HORAS @ "A GATA COMEU" (Rua Ubaldino do Amaral, 643. Alto da Glória - Curitiba - Paraná)

terça-feira, 20 de abril de 2010

"Léo Glück: Arte e vida sempre juntos"


Confira o Perfil de Léo Glück publicado ontem no Caderno G da Gazeta do Povo clicando em








E dê leite(-se) quem quiser, puder ou conseguir! ;P

quinta-feira, 25 de março de 2010

Vamos Desatolar o Bode!


Estréia adiada para sábado (27 de março) às 22:30 na Casa Vermelha. Mas este bode cantará!


O ÚLTIMO CANTO DO BODE
(Tomo I: A Bestificação de Rômulo)

Casa Vermelha
27 de Março, às 22:30 hs
R$ 10 e 5


segunda-feira, 15 de março de 2010

PERVERSO POLIMORFO


Uma droga sintética e plena que é toda a esperança apocalíptica. Um grande e brutal intertexto: o intertexto do primeiro primitivo, a paráfrase da pré-identitariedade.

O ÚLTIMO CANTO DO BODE
(Tomo I: A Bestificação de Rômulo)

Solar do Barão
24 de Março, ás 19 hs
R$ 10 e 5

terça-feira, 9 de março de 2010

Todo o Totalitarismo da Terra em Único Coro Libertário




Nosso canto de ódio e paixão ao expansivo corpo opressor!
efusão, hibridismo, guerra e combate. o fim de uma dinastia

O ÚLTIMO CANTO DO BODE
(Tomo I: A Bestificação de Rômulo)

Solar do Barão
24 de Março, ás 19 hs
R$ 10 e 5


segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

chicken talk

Hoje, me faz horror conter, uma vez que o devorei, o mais caro, o único amante que me amou. Eu sou seu túmulo. A terra nada é. Morte. As vêrgas e os vérgeis saem de minha boca. A sua embalsama meu largo peito aberto. Uma rainha-cláudia incha seu silêncio. As abelhas escapam de seus olhos, de suas órbitas, onde as pupilas fluíram, líquidas, sob as pálpebras flácidas. Comer um adolescente fuzilado sôbre as barricadas, devorar um jóvem herói não é coisa fácil. Todos amamos o sol. Eu tenho a bôca em sangue, e os dedos. Retalhei a carne com os dentes. Em geral, os cadáveres não sangram - o seu sim.